SINAIS E SINTOMAS DA DISFAGIA: Indicadores da Dificuldade de Deglutição 

SINAIS E SINTOMAS DA DISFAGIA: Indicadores da Dificuldade de Deglutição 

INTRODUÇÃO  

A disfagia é uma condição médica que se caracteriza pela dificuldade de deglutição, afetando a passagem adequada de alimentos e líquidos da boca para o estômago. É uma condição bastante prevalente em diversas faixas etárias, incluindo crianças, adultos e idosos. Os sinais e sintomas da disfagia podem variar amplamente, e um diagnóstico precoce e preciso é fundamental para um tratamento adequado. Neste artigo, iremos explorar detalhadamente os principais sinais e sintomas da disfagia, com uma análise abrangente de cada um deles.  

SINAIS E SINTOMAS DA DISFAGIA  

  • DIFICULDADES NA FASE ANTECIPATÓRIA 

Os sinais de disfagia nessa fase podem incluir:  

1. Recusa alimentar: O paciente pode apresentar aversão a alimentos devido à experiência de dificuldades de deglutição anteriores. Exemplo: A pessoa evita comer alimentos  

2. Falta de interesse pela comida: A disfagia pode levar à perda de apetite e diminuição do interesse pela comida, pois a experiência de comer pode se tornar desconfortável e desafiadora. Exemplo: O indivíduo mostra falta de entusiasmo em relação às refeições, perdendo o interesse por alimentos que antes eram apreciados.  

3. Hesitação ao levar a comida à boca: A pessoa pode demonstrar hesitação ou demora em levar os alimentos à boca, indicando a presença de dificuldades sensoriais ou motoras na fase antecipatória. Exemplo: O paciente mostra resistência em levar uma colher de sopa à boca, pausando frequentemente antes de tentar engolir.  

4. Aversão a certas texturas ou sabores: A disfagia pode levar à intolerância a certas texturas ou sabores de alimentos, pois podem ser mais difíceis de engolir ou causar desconforto. Exemplo: A pessoa evita alimentos líquidos espessados devido à textura grossa e viscosa, ou tem aversão a alimentos picantes ou ácidos que podem causar irritação durante a deglutição.  

5. Ansiedade antes das refeições: A pessoa pode experimentar ansiedade significativa antes das refeições devido ao medo de engasgar ou ter dificuldades durante a deglutição. Isso pode levar a uma apreensão generalizada em relação à alimentação.  

6. Perda de apetite: A disfagia pode afetar negativamente o apetite, resultando em uma diminuição do interesse e da ingestão de alimentos. A pessoa pode evitar comer devido às dificuldades e desconfortos associados à deglutição.  

7. Dificuldade na escolha do alimento: A pessoa com disfagia pode enfrentar dificuldades na escolha dos alimentos devido a alterações cognitivas associadas à sua condição. Essas alterações podem afetar a capacidade de reconhecer, lembrar ou compreender quais alimentos são seguros e apropriados para o seu caso.  

8. Dificuldade em quantificar na colher: O paciente pode ter dificuldade em controlar a quantidade de alimento na colher, resultando em problemas de coordenação entre a colher e a boca. Devido alteração motora ou cognitiva.  

9. Lentidão para comer: A disfagia pode causar uma diminuição na velocidade de alimentação, pois o paciente pode precisar fazer pausas frequentes durante a refeição para gerenciar a deglutição. Esses sintomas podem indicar uma resposta adaptativa às dificuldades de deglutição percebidas.  

  • DIFICULDADE NA FASE ORAL 

Nesta fase, a pessoa pode apresentar:  

1. Dificuldade no controle do alimento na boca: O indivíduo pode apresentar dificuldade em manter o alimento na boca devido a fraqueza muscular ou falta de coordenação. Isso pode resultar em escape de alimentos pelos cantos da boca.  

2. Mastigação inadequada: A disfagia pode afetar a capacidade de mastigar corretamente os alimentos, tornando-os difíceis de serem processados e engolidos. Exemplo: O indivíduo tem dificuldade em mastigar uma maçã devido à fraqueza muscular, resultando em pedaços grandes e difíceis de engolir.  

3. Escape de alimento pelos cantos da boca: A pessoa pode ter dificuldade em controlar o alimento na boca, resultando em vazamento ou escape de alimentos pelos cantos da boca. Isso pode ocorrer devido à fraqueza muscular ou falta de coordenação dos músculos orais.  

4. Mantem alimentos em cavidade oral: Alguns indivíduos com disfagia podem ter dificuldade em movimentar o alimento da cavidade oral para a faringe para iniciar a fase faríngea da deglutição. Isso pode ocorrer devido a fraquezas musculares ou falta de coordenação dos músculos responsáveis pelo transporte adequado do alimento.  

5. Engolir pedaços maiores: A disfagia pode interferir na capacidade de engolir pedaços maiores de alimentos, especialmente alimentos sólidos. A pessoa pode apresentar dificuldade em formar um bolo alimentar coeso e efetuar a deglutição de maneira adequada, levando a engasgos ou desconforto ao tentar engolir pedaços maiores de alimentos. Isso pode resultar em tosse e engasgos frequentes durante a alimentação.  

  • DIFICULDADE NA FASE FARÍNGEA 

Durante a fase faríngea, a disfagia pode haver:  

1. Engasgos severos: Durante a fase faríngea, a disfagia pode levar a engasgos frequentes e intensos, onde a pessoa tem dificuldade em coordenar o fechamento adequado das vias aéreas e da epiglote. Exemplo: Ao engolir um gole de água, o paciente engasga e tem uma tosse persistente devido à entrada de líquido na traqueia.  

2. Sensação de obstrução na garganta: A pessoa pode sentir como se algo estivesse preso na garganta ao engolir, mesmo quando não há obstrução física. Exemplo: O paciente relata uma sensação constante de “bolo na garganta” ao tentar engolir alimentos ou líquidos.  

3. Dor ao engolir: A disfagia pode causar desconforto ou dor durante a deglutição, resultante de uma resposta inflamatória ou irritação nas vias aéreas ou no esôfago. Exemplo: O indivíduo sente uma dor aguda ao engolir alimentos sólidos ou líquidos, o que pode ser indicativo de uma lesão na faringe ou no esôfago.  

4. Voz abafada e rouquidão: A disfagia pode resultar em penetração de alimentos ou líquidos nas pregas vocais, o que pode levar a rouquidão e alterações na qualidade da voz. Isso ocorre devido à dificuldade em coordenar adequadamente as estruturas da laringe durante a deglutição.  

5. Pode haver regurgitação nasal: Em casos graves de disfagia, pode ocorrer regurgitação de alimentos ou líquidos pelo nariz durante a deglutição, indicando uma falha na proteção das vias aéreas superiores.  

6. Falta de ar após a deglutição: Após a deglutição, a pessoa com disfagia pode experimentar falta de ar ou dificuldade respiratória. Isso pode ocorrer devido à penetração de alimentos ou líquidos nas vias aéreas durante a deglutição, resultando em um comprometimento temporário da função respiratória. A sensação de falta de ar pode ser acompanhada de tosse ou sensação de asfixia, indicando uma possível aspiração pulmonar.  

  • DIFICULDADE NA FASE ESOFÁGICA:  

Nesta fase, a pessoa pode sentir:  

1. Desconforto ou dor retroesternal: A disfagia na fase esofágica pode causar uma sensação de pressão ou dor no peito durante a deglutição, indicando uma obstrução ou irritação no esôfago. Exemplo: O paciente relata uma sensação de queimação e desconforto atrás do esterno ao engolir alimentos.  

2. Sensação de alimento preso no peito: A pessoa pode ter a percepção de que o alimento não está passando adequadamente pelo esôfago, causando uma sensação de obstrução. Exemplo: O indivíduo sente que a comida está presa no peito e não desce completamente mesmo após várias tentativas de deglutição.  

3. Azia frequente: A disfagia pode estar associada ao refluxo gastroesofágico, resultando em sintomas de azia e queimação no peito.  

4. Regurgitação ácida: A pessoa pode experimentar episódios de regurgitação de conteúdo ácido do estômago para o esôfago, causando desconforto e irritação.  

5. Perda de peso inexplicada: A dificuldade em engolir adequadamente os alimentos pode levar a uma ingestão insuficiente de nutrientes, resultando em perda de peso inexplicada.  

Além desses sinais e sintomas, a disfagia também pode estar associada a complicações adicionais, como desidratação, desnutrição, pneumonias aspirativas recorrentes e isolamento social devido às dificuldades alimentares.  

É importante ressaltar que a presença de um ou mais desses sinais e sintomas não é diagnóstico de disfagia, e um diagnóstico preciso deve ser feito por um profissional de saúde especializado em disfagia, como um fonoaudiólogo ou gastroenterologista.  

CONCLUSÃO  

A disfagia é uma condição clínica que requer atenção e cuidados adequados. Os sinais e sintomas descritos acima podem variar de acordo com a gravidade e a causa subjacente da disfagia. A identificação precoce desses sinais é essencial para um diagnóstico adequado e a implementação de um plano de tratamento individualizado.  

A abordagem multidisciplinar envolvendo fonoaudiólogos, médicos, nutricionistas e outros profissionais de saúde desempenha um papel fundamental no manejo eficaz da disfagia e na melhora da qualidade de vida dos indivíduos afetados pela disfagia. 

Revisão técnica: Patrícia Morinigo Paes, fonoaudióloga clínica e domiciliar, na ReabilityClin, especialista em voz e disfagia. 

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