DISLEXIA: DESAFIOS DA APREDIZAGEM 

A dislexia é uma condição neurobiológica que afeta a aquisição e o desenvolvimento da leitura e escrita. Apesar de não ter cura, estratégias educacionais específicas e instruções específicas podem ajudar a minimizar os impactos negativos na vida acadêmica e social dos indivíduos com dislexia. Este artigo busca fornecer uma visão abrangente dessa condição, destacando sua complexidade e as diversas abordagens para enfrentar os desafios associados. 

1- A Natureza da Dislexia 

A dislexia envolve dificuldades na decodificação de palavras, reconhecimento de letras e fluência na leitura. A base neurobiológica da dislexia está associada a diferenças na estrutura e função cerebral, afetando áreas específicas relacionadas ao processamento fonológico e visual. 

2- Manifestações da Dislexia 

Os sintomas da dislexia variam, mas incluem dificuldades na leitura em voz alta, confusão de letras e números, lentidão na leitura, dificuldades ortográficas e problemas de organização do pensamento ao escrever. Essas dificuldades impactarão significativamente o desempenho acadêmico e a autoestima dos indivíduos afetados. 

3- Diagnóstico da Dislexia: 

O diagnóstico da dislexia é um processo complexo que geralmente envolve uma avaliação abrangente realizada por profissionais especializados, como psicólogos educacionais, fonoaudiólogos e neuropsicólogos, médicos. Essa avaliação inclui testes específicos para avaliar habilidades de leitura, compreensão oral, habilidades fonológicas e processamento visual. Observações do desempenho acadêmico e análise do histórico de desenvolvimento também são componentes essenciais para um diagnóstico preciso. 

4– Equipe Multiprofissional para o Diagnóstico da Dislexia 

a- Psicólogo Educacional: 

• O psicólogo educacional desempenha um papel crucial na avaliação psicométrica, examinando aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais relacionados à aprendizagem. Testes de inteligência, avaliações comportamentais e entrevistas podem ser prolongados para compreender a relação entre a dislexia e outros fatores psicológicos. 

b- Fonoaudiólogo: 

• Especializado em distúrbios da comunicação, o fonoaudiólogo realiza avaliações específicas para identificar dificuldades de fonologia, consciência fonêmica, discriminação auditiva e outras habilidades relacionadas à linguagem. Essa avaliação é fundamental para diagnosticar diferentes tipos de dislexia. 

c- Neuropsicólogo: 

• O neuropsicólogo investiga as funções relacionadas à leitura e escrita. Através de testes neuropsicológicos, o profissional pode identificar padrões de processamento cognitivo que podem estar contribuindo para as dificuldades na leitura. 

d- Educador Especializado: 

• Profissionais especializados em educação inclusiva e necessidades educacionais especiais podem oferecer insights importantes sobre o desempenho acadêmico do indivíduo em sala de aula. Observações diretas, análises do histórico escolar e discussão com professores ajudam a contextualizar o impacto da dislexia no ambiente educacional. 

e- Neuropediatra/Neurologista : 

• Em alguns casos, a colaboração com um neuropediatra pode ser benéfica para descartar outras condições neurológicas que possam apresentar sintomas semelhantes à dislexia. Avaliações neurológicas e exames específicos podem ser prorrogados para uma avaliação mais abrangente. 

5- Processo de Diagnóstico 

A abordagem colaborativa da equipe multiprofissional envolve uma combinação de entrevistas, testes padronizados, observações, análises de históricos escolares e avaliações clínicas. Essa abordagem holística permite uma compreensão completa das dificuldades do indivíduo, contribuindo para um diagnóstico mais preciso. 

6- Importância da Abordagem Multiprofissional: 

A abordagem multiprofissional é fundamental porque a dislexia é uma condição complexa, envolvendo diferentes aspectos cognitivos e emocionais. A colaboração entre especialistas de diversas áreas permite uma compreensão mais completa da situação, facilitando o desenvolvimento de estratégias de intervenção mais adequadas e personalizadas. 

7- Tipos de Dislexia 

Existem diferentes tipos de dislexia, e compreender essas variações é crucial para personalizar abordagens de intervenção. Alguns dos tipos mais comuns incluem: 

a- Dislexia Fonológica: Caracterizada por dificuldades na segmentação e manipulação de sons, impactando diretamente a associação entre letras e sons. 

b- Dislexia Superficial ou Visual: Envolvendo dificuldades na identificação e memorização de palavras inteiras, especialmente aquelas que não seguem as regras fonéticas comuns. 

c- Dislexia Profunda ou Mista: Uma combinação de dificuldades fonológicas e visuais, tornando a leitura e a escrita desafiadoras em vários níveis. 

8- Abordagens de Intervenção Baseadas em Tipos 

A compreensão do tipo específico de dislexia pode direcionar as abordagens de intervenção. Por exemplo, a terapia fonológica pode ser enfatizada para que seja superficial ou visual. A terapia fonológica pode incluir exercícios que visam melhorar a consciência fonêmica e a correspondência letra-som. Já para a dislexia visual, estratégias que envolvem o reconhecimento global de palavras e o treinamento visual podem ser inovadoras. 

9- Estratégias de Intervenção 

O diagnóstico precoce e a intervenção adequada são fundamentais no manejo da dislexia. Abordagens educacionais que se concentram no desenvolvimento de habilidades fonológicas, técnicas de ensino multisensorial, uso de tecnologias assistivas e apoio emocional são componentes cruciais para melhorar as habilidades de leitura e escrita de indivíduos com dislexia. 

A inclusão de ajustes e adaptações nas escolas, como tempo extra em avaliações, material didático adaptado e suporte de tutores especializados, é essencial para criar um ambiente propício ao sucesso acadêmico para esses alunos. 

10- Estratégias de Apoio na Sala de Aula: 

Além da intervenção especializada, a implementação de estratégias de apoio na sala de aula é crucial. Os professores podem adotar métodos multisensoriais, como o uso de materiais táteis, visuais e auditivos, para abordar as diferentes necessidades dos alunos com dislexia. Além disso, a criação de um ambiente inclusivo e o apoio emocional são fatores-chave para o sucesso acadêmico 

11- Perspectivas Futuras 

A pesquisa contínua sobre a dislexia busca compreender melhores suas origens e desenvolver abordagens terapêuticas mais eficazes. Tecnologias avançadas, como a realidade virtual e a inteligência artificial, estão sendo exploradas para criar ferramentas inovadoras de apoio ao aprendizado, personalizadas para atender às necessidades individuais dos alunos com dislexia. 

Além disso, a conscientização sobre a dislexia está crescendo, incentivando a facilidade e a compreensão dessa condição. Esforços contínuos para eliminar o estigma associado à dislexia e promover ambientes educacionais inclusivos são cruciais para criar uma sociedade mais equitativa. 

CONCLUSÃO 

Concluindo, a dislexia é uma condição complexa que requer uma abordagem, diagnóstico e intervenção personalizada. A identificação precoce, intervenção personalizada e suporte contínuo são fundamentais para desenvolver indivíduos com dislexia a alcançarem o seu pleno potencial. À medida que a pesquisa avança e a conscientização cresce, é possível vislumbrar um futuro mais inclusivo e acessível para aqueles que enfrentam desafios associados à dislexia. Com a compreensão dos diferentes tipos de dislexia e o desenvolvimento de estratégias específicas, é possível oferecer suporte mais eficaz aos indivíduos afetados, promovendo uma experiência de aprendizado mais positiva e bem-sucedida. 

Revisão técnica: Patrícia Morinigo Paes, fonoaudióloga clínica e domiciliar, na ReabilityClin, especializada em Voz, Disfagia e Especializanda em Linguagem.